O Centro de Infertilidade e Medicina Fetal (CIMF)
do Norte Fluminense, que funciona desde 2006 no Hospital Escola Álvaro Alvim
(HEAA), em Campos, teve destaque no 6º Relatório do Sistema Nacional de
Produção de Embriões (Sisembrio), de 2012, da Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), por usar o método eficaz de fertilização. No documento,
divulgado em setembro deste ano, através dos indicadores dos Bancos de Células
e Tecidos Germinativos da região sudeste, o órgão apontou que a média de óvulos
por mulher, na clínica campista, é de 4,7, com média de taxa de fertilização e
de clivagem embrionária, entre 70% e 80% respectivamente. Enquanto isso, outras
clínicas da região Sudeste ficou com o dobro que a média de óvulos por mulher
do CIMF, com as mesmas médias de taxa de fertilização e de clivagem
embrionária.
De acordo com o coordenador do CIMF, o médico
especialistaem Reprodução Humana, Francisco Colucci, o método usado em Campos,
é mais simples, mais natural, mais barato e com resultados idênticos ao
tratamento convencional (ICSI), trazendo de volta à mulher a função
participativa no processo reprodutivo. Segundo ele, o novo método visa a
humanização dos tratamentos com a reprodução assistida, pois a fertilização
ocorre no próprio corpo da mulher, que retorna três dias após para que os
pré-embriões sejam retirados e implantados no útero. Este projeto faz parte de
um estudo em vigência em vários países.
O CIMF representa o Brasil. Além de evitar
problemas futuros na mulher, como Síndrome do Hiperestímulo no Ovário, que pode
levar ao óbito, o método usado na clínica é mais econômico, ficando entre R$ 5
e R$ 6 mil a menos por pessoa, somente em remédios.
— A CIMF foi a primeira no Brasil a realizar esse
método, que acontece por estímulo natural ou moderado, usando quantidades
menores de medicamento e de hormônios de fertilidade, inferiores às usadasem
Fertilização In Vitro(FIV) tradicional, com inseminação intravaginal de esperma
e óvulos. Os óvulos da mulher são combinados com o esperma na Fertilização In
Vitro Humanizada (INVO), um pequeno dispositivo, que depois é lacrado e
colocado na cavidade vaginal da mulher para inseminar durante três dias. Com
isso, menos embriões são gerados, evitando o congelamento. Todos os
procedimentos realizados e as inscrições de pacientes no programa são
notificados ao Governo Federal e à Anvisa para prestação de contas no Sistema
de Controle Nacional — explicou Colucci.
Casais de outros estados buscam serviço
No Brasil há cerca de 200 clínicas de Reprodução
Assistida, sendo 12 no estado do Rio de Janeiro. No entanto, o Centro de Infertilidade
e Medicina Fetal (CIMF) foi o primeiro a ter a regulamentação da Anvisa no
estado e o 3º no Brasil. Atualmente, apenas seis clínicas do estado têm a
certificação do Ministério da Saúde. Segundo Francisco Augusto Colucci,
especialistas de diferentes países e cidades brasileiras; e casais com
dificuldades para ter filhos buscam diariamente o CIMF, almejando informações
sobre o modelo municipal do tratamento, referência inclusive para os países
europeus. “Casais de cidades como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso,
São Paulo e Espírito Santo nos procuram a fim de obter detalhes e participar do
programa. Atualmente, os problemas entre homens e mulheres na tentativa de ter
filhos se igualaram, diferente de 2010, onde os problemas eram concentrados na
mulher. Para os pacientes de outros municípios que não têm condições
financeiras para custear o tratamento, nós os orientamos que procurem a
secretaria de Saúde da sua cidade, pois esta irá entrar em contato com a
secretaria de Saúde de Campos, que possui um programa específico”, finalizou.
Dulcides Netto
Rodrigo Silveira
Folha Online – 04/11/2013