O sonho de muitas mulheres é ser mãe.
Mas às vezes esse sonho é interrompido por algum motivo e é necessário recorrer
a reprodução assistida. Em novembro, através de um certificado emitido pela
Vigilância Sanitária estadual, o Centro de Infertilidade e Medicina Fetal do
Norte Fluminense (CIMF), localizado no Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA),
tornou-se o primeiro banco de óvulos do interior do Rio de Janeiro.
De acordo com o coordenador do CIMF e
médico especialista em Reprodução Humana, Francisco Augusto Colucci, o banco só
foi implantado depois de questões jurídicas serem esclarecidas. — O banco só
pode atender dois quesitos: para preservação de fertilidade em mulheres em
tratamento de câncer e para casais que entram em doação de óvulos —, destacando
que as receptoras só podem ser as pacientes do HEAA.
Por lei, a doação de óvulos deve ser
anônima, sem fins lucrativos e a mulher deve ter ainda a autorização do
cônjuge, passar por vários exames e ter menos de 35 anos. “Geralmente as
doadoras são as que fazem o tratamento aqui no CIMF. Os óvulos que sobravam
eram descartados, pois segurar material dos outros é crime. Agora tem a
autorização para doar”, explicou Colucci.
Já para receber, a mulher deve ter menos de 50 anos, ter autorização do cônjuge
e passar por exames.
A primeira receptora iniciará o
tratamento amanhã. “Já temos três casos de óvulos congelados. Iniciamos em novembro.
Na próxima segunda-feira, começaremos o primeiro tratamento para receber os
óvulos”, destacou o médico.
Colucci ainda revelou que espera por
novidades no primeiro semestre deste ano. “Para as pacientes com câncer, vamos
congelar o tecido ovariano. A parceria é de Belo Horizonte. Minas Gerais. O
tecido será congelado para depois fazer o ciclo artificial no laboratório”.
Por ser uma novidade, o banco de óvulos ainda não participa do Sistema Único de
Saúde (SUS), do ministério da Saúdeapenas pelo particular.
O médico Francisco Colucci contou
ainda as maiores causas que fazem as mulheres precisarem de uma doação. “Os
principais motivos são as mulheres que entram na menopausa cedo, que perderam o
ovário, que se submeteram a um tratamento de câncer ou também as que possuem
mais de 32 anos, pois nesse período a qualidade cai ou pode chegar a zero”,
concluiu. As pessoas interessadas em obter mais informações devem procurar o
Centro de Infertilidade, no Álvaro Alvim.
Centro de Infertilidade é o terceiro do País
O CIMF funciona desde 2006 e foi o
primeiro a ter regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) no estado e o terceiro no Brasil. Atualmente, apenas seis clínicas do
estado têm a certificação do Ministério da Saúde.
O centro teve destaque no 6º Relatório do Sistema Nacional de Produção de
Embriões (Sisembrio), de 2012, da Anvisa, por usar o método eficaz de
fertilização.
No Brasil há cerca de 200 clínicas de
Reprodução Assistida, sendo 12 no estado do Rio de Janeiro. Segundo Colucci,
especialistas de diferentes países e cidades brasileiras; e casais com
dificuldades para ter filhos buscam diariamente o CIMF, para obter informações
a respeito do modelo municipal do tratamento, referência inclusive para os
países europeus.
Curiosidade – A mulher recebe quatro
milhões de óvulos ainda com um mês e meio de vida intra uterina. “Ao nascer, o
número desce para um milhão. Quando tem a primeira menstruação a quantidade é
cerca de 400 mil. E a cada menstruação, são liberados cerca de 180”, concluiu
Colucci.
Carolina Barbosa
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